Em reportagem, o jornal Valor Econômico divulgou estudo realizado pela Fundação Dom Cabral - FDC, onde mostra que a maioria das empresas de porte médio do País, não utiliza as leis ou mecanismos de incentivo à inovação.
Segundo
o levantamento, o principal motivo deste fator, seria o desconhecimento de
leis, programas e incentivos. Foram pesquisadas 149 empresas e, apenas, um
quinto delas afirmou usar algum tipo de mecanismo de incentivo a inovação.
Abaixo, segue a integra da notícia, extraída
do Portal: Inovação Unicamp
Incentivo à inovação só é usado por 20% das firmas médias, aponta estudo
Reportagem
do Valor mostra que desconhecimento das leis é a maior barreira
Um estudo realizado pela Fundação
Dom Cabral (FDC) mostra que a maioria das empresas de porte médio do País não
utiliza as leis ou mecanismos de incentivo à inovação por desconhecimento,
informou o jornal Valor Econômico em 8 de junho. A reportagem "Só
20% das médias empresas usam leis de incentivo à inovação, diz estudo",
publicada pela repórter Arícia Martins, revela que, das 149 empresas
pesquisadas, apenas um quinto afirmou usar algum desses mecanismos, enquanto
80% não usam leis ou programas de incentivo.
De acordo com o jornal, no entanto,
71,2% dessas empresas consideram que a "inovação aparece de forma evidente
na ideologia da marca, seja como valor ou visão". As empresas médias
possuem faturamento bruto anual entre R$ 10,5 milhões e R$ 60 milhões, segundo
critérios do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da
Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).
Principais motivos
O levantamento realizado pela FDC
indica que a razão principal para a falta de investimentos em inovação é o
desconhecimento de ferramentas como a Lei de Inovação e a Lei do Bem, alegada
por 48,9% dos entrevistados; a falta de foco no assunto foi a resposta de
22,7%; e a ausência de percepção da necessidade de usar esses recursos foi a
explicação de 9,1% das empresas médias. Os dados publicados pelo Valor
revelam ainda que um mesmo percentual de companhias atribuiu a falta de aportes
em inovação à recusa de projetos apresentados e aos obstáculos da burocracia;
enquanto 4,5% disseram que a inovação não faz parte da cultura da empresa e
3,4% não souberam ou não quiseram responder.
A reportagem mostra que as
empresas médias podem ter acesso a "praticamente todas as linhas" do
BNDES e da Finep para inovação, apesar de algumas restrições. A modalidade de
subvenção econômica, diz o texto, é utilizada por apenas 8,6% das empresas
pesquisadas; neste caso, os recursos públicos são aplicados diretamente nas
empresas, sem a necessidade de reembolso, mas o valor mínimo de projeto para
empresas de porte médio é de R$ 1 milhão.
Já no caso da Lei do Bem e da Lei
de Inovação, para utilizar seus benefícios, a empresa necessita ser tributada
pelo regime de lucro real, mas isso muitas vezes não é vantajoso
financeiramente para companhias de porte pequeno e médio, lembra o Valor.
Ambas as leis permitem que a firma deduza os gastos com pesquisa e
desenvolvimento (P&D) do Imposto de Renda, além de conceder outros
benefícios fiscais, detalha a reportagem. O texto assinado por Arícia Martins
informa que o sistema de lucro presumido é válido para companhias com
faturamento anual de no máximo R$ 48 milhões.
Imediatismo
Em entrevista ao jornal, Fabian
Salum, coordenador do estudo da FDC, declarou que a falta de incentivos fiscais
não é a explicação principal para esse desinteresse das empresas em inovar.
Segundo ele, "o empresário está focado na sobrevivência, na geração de
caixa, na entrega e desenvolvimento de seus produtos". "É uma visão
de curto prazo", disse Salum ao Valor. O professor da FCD destacou
ainda que, mesmo em um cenário mais favorável, com taxas de juros atrativas e
sem a exigência de devolução de recursos — como no caso da subvenção econômica
—, as empresas pesquisadas não disputavam os editais da Finep. Isso ocorria
porque os editais não eram lidos ou porque as datas das chamadas públicas eram
perdidas, explica o Valor.
Salum afirmou ao jornal que,
quando esses editais eram lidos, as firmas faziam questionamentos sobre o
volume de exigências, entre elas a elaboração de um plano de negócios.
"Com recursos escassos, essas empresas não conseguem se dedicar a esse
tipo de trabalho, perdem a oportunidade e, como estão olhando o curto prazo,
depois não colocam do próprio bolso para inovar", concluiu o coordenador
do estudo. A FDC constatou ainda que somente 2% das empresas médias investem
mais de 10% da receita bruta anual em inovação e P&D. O percentual de
firmas que não investem em inovação foi de 14%; a maior parte dos pesquisados,
39%, investe entre 1,1% e 5% da receita em P&D&I.
Gestão sem controle
Outro ponto importante destacado
pela reportagem é a falta de controle das empresas na gestão da inovação: 67%
se abstêm de utilizar indicadores para avaliar esse quesito. Isso significa que
dois terços das empresas ouvidas não contabilizam as novas tecnologias
adquiridas, as pesquisas publicadas ou o total de novos produtos ou serviços
gerados a partir do esforço de inovação. "Para se destacar, diz Salum, a
empresa precisa ter sistemas eficientes de gestão de inovação", ressalta a
repórter no texto.
Fonte:
Por Guilherme Gorgulho
Acesso em 19jun2012
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